O impacto da inovação na carreira de André Abucham, CEO da Engeform
Artigo atualizado em 20 de maio de 2021
Quando uma corporação decide investir em inovação, a transformação da cultura organizacional é um dos fatores mais importantes. Nesse processo de mudança de mindset, o engajamento das lideranças é essencial para que todos os colaboradores entendam e pratiquem os valores da inovação.
A Engeform, empresa com quase 45 anos de atuação no setor de Construção Civil, é o exemplo de que uma cultura de inovação bem estabelecida gera resultados.
Orientada pelo propósito de fazer a diferença na vida das pessoas, por meio da arte de “engenheirar”, a Engeform é reconhecida pelo seu pioneirismo e cultura de inovação. À frente dessa transformação está o diretor-superintendente, André Abucham, que liderou a consolidação das jornadas inovadoras da companhia nos últimos anos.
Neste artigo, você vai conhecer a trajetória de André e descobrir as dicas de um CEO para trilhar uma carreira de sucesso na área da inovação.
A trajetória de André Abucham
Foi acompanhando a vivência de seu pai na Engeform Engenharia, empresa fundada pela família em 1976, que André Abucham decidiu cursar Engenharia Civil. Logo nos primeiros anos de estudo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o jovem começou sua trajetória profissional como estagiário na Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo e, em seguida, na Engeform.
“Eu ainda estava no início da faculdade, então tinha muita vontade de conhecer tudo. Foi muito importante para mim ver a teoria ser aplicada na prática, pois acredito que isso cria um senso de paixão pelo que fazemos”. Assim, André começou a executar o seu propósito pessoal de fazer a diferença na vida das pessoas, que depois passou a ser o propósito da empresa, unido à engenharia.
Ainda na faculdade, André teve a oportunidade de estagiar em Nova Iorque, no setor financeiro. Apesar de estar em um segmento e país diferentes, o executivo conseguiu enfrentar as barreiras culturais com resiliência e o que era para ser apenas um estágio, acabou virando uma carreira acelerada como consultor financeiro.
“Eu estava em um ambiente com muita meritocracia baseada em resultados. Sempre fui competitivo e isso me motivava. Eu acabei acompanhando de perto a crise de 11 de setembro em Wall Street e acredito que isso também me deu bagagem para liderar um comitê de crise com a chegada da Covid-19, no ano passado”, relata.
Após sete anos fora do Brasil, André retornou para São Paulo e para a Engeform, e retomou sua carreira na engenharia praticamente do início. Apesar de ter alcançado um cargo sênior no banco em que trabalhava nos EUA, ao voltar para cá, a decisão dos líderes foi de realocar André em um nível iniciante. “Foi assim que eu refiz minha carreira na Engeform. Degrau por degrau. Passando por várias áreas, aprendendo e ganhando a confiança e o respeito das pessoas.”
Depois de 12 anos, André chegou ao cargo de diretor-superintendente e hoje lidera mais de 2,5 mil colaboradores por todo o Brasil.
Incorporando a inovação
Com sua experiência em Nova Iorque, André trouxe muitas ideias e soluções inovadoras para a Engeform. Algumas foram responsáveis por mudar o posicionamento e a imagem da empresa, como a construção do Jatobá Green Building, 2º Green Building certificado do Brasil. “Nesse sentido, sou muito grato aos fundadores e ao conselho da companhia por sempre estarem abertos às novas sugestões e por não ficarem presos a antigos paradigmas.”
Aos 35 anos, o executivo teve mais uma guinada em sua carreira. Foi quando decidiu que precisava reciclar seus conhecimentos e aplicou para o curso Owner and President Management Program, na Universidade de Harvard. O programa reúne mais de 150 CEOs de diversos países, para aprofundar em temas relacionados aos principais desafios dos líderes corporativoss.
Além de aprender com os professores mais renomados do mundo em suas áreas, André teve acesso a matérias totalmente inéditas para ele até então, como Inovação. “Tive aulas com a Lynda Applegate, que foi como uma mentora para mim. Ela trouxe grandes provocações que me despertaram para a necessidade de acelerar as iniciativas internas de inovação na Engeform”, explica.
A mestre também foi responsável por apresentar o conceito de inovação aberta e sugeriu que a empresa se conectasse com o ambiente externo. Foi assim que nasceu o Okara Hub, em 2018, um marco importante na jornada de transformação cultural da Engeform. “Até então, não tínhamos pessoas dedicadas à inovação, o que fazia com que o foco no operacional ainda fosse muito grande”.
Dessa forma, a Engeform foi se destacando pelo pioneirismo e hoje está entre as 15 organizações brasileiras que mais investem em open innovation, de acordo com o ranking 100 Open Corps, e já recebeu os prêmios nas categorias “Conexão com Startups” e “Cultura de Inovação”, da Grow+, além do INOVAInfra, da revista O Empreiteiro.
Entrevista
Como a cultura de inovação está presente na Engeform?
A Engeform fará 45 anos em 2021 e, desde o dia 1, seguimos aprendendo e acreditamos que isso deve ser democrático. Temos uma área de Gestão do Conhecimento e Inovação, que agrega todos os dados e relatórios de projetos realizados para que toda a empresa tenha acesso e possa aprender junto com os erros e acertos. Na nossa cultura, o erro é aceito e inclusive explorado como forma de aprendizado.
Uma outra vertente é a conexão com o mundo externo. Na Engeform, somos 2,5 mil pessoas, mas sempre tem alguém fazendo diferente. Nossa área de Gestão do Conhecimento e Inovação se conecta com universidades, startups, hubs de inovação e outras empresas, fazendo benchmarking.
Ao mesmo tempo, a Engeform segue incentivando as jornadas internas de inovação com programas como o Projeto Engenheirar, por meio do qual os colaboradores são incentivados a trazer soluções inovadoras para as dores de cada área. Usamos indicadores para avaliar o retorno dos projetos e os que mais se destacam são premiados com viagens e cursos fora do país, como forma de incentivo.
Quais são os seus principais aprendizados trabalhando com inovação?
Um dos maiores desafios é engajar a empresa como um todo e provar o valor da inovação para todas as áreas. Eu digo isso, pois tive muito contato com outras empresas nesse ecossistema e já vi várias naufragarem por não darem valor para o aspecto da inovação. É muito importante que isso faça parte da cultura corporativa, pois estimula a possibilidade de errar e aprender para tentar o diferente.
Também acredito que, antes de se conectar com o ecossistema, os profissionais de inovação têm a responsabilidade de esclarecer a importância desta frente e transformar os líderes da corporação em verdadeiros embaixadores dessas iniciativas. Se a alta liderança não estiver alinhada com a importância da inovação, dando suporte aos funcionários dedicados a isso, é sinal amarelo; há grandes chances dos projetos não darem certo.
Os líderes também precisam comemorar as pequenas conquistas, os chamados quick wins. Eles devem ser compartilhados para engajar as pessoas nessa jornada, que envolve muita colaboração. Sem trabalho em equipe, você não vai na direção da inovação.
Como você avalia a evolução da inovação nas empresas ao longo dos anos?
A inovação está se tornando cada vez mais popular, principalmente a inovação aberta. As empresas estão ficando mais dispostas a se conectar com ecossistemas como o Distrito, ao mesmo tempo em que consolidam seus programas internos.
Vejo que o setor de construção ainda é o mais atrasado. O Brasil vem em um ciclo de retração de PIB muito grande nos últimos anos, em especial no nosso setor. E dentre as muitas verticais de startups, as construtechs ainda estão no começo da jornada. Por isso, vejo que há muito espaço para inovações e crescimento.
Em algum momento, as empresas precisarão abrir o seu funil e olhar para o que os clientes precisam, aplicando o conceito de customer centricity e trazendo boas soluções para o mercado.